Era uma tarde de domingo.
E então, contrariando o poetinha,
do pranto fez-se o riso.
Onde havia distância,
fez-se o abraço.
Naquele canto em que a tristeza se instalara,
brotaram jasmins.
Já não havia mais perigo
nem incertezas
ou reprovação.
Era o fim da respiração pesada,
do vírus espalhado no ar.
Portas fechadas se abriram
e o medo, desperto, adormeceu.
De cheiro de terra molhada
grama fresca e rosas brotando
a casa se encheu.
O gosto na boca não era mais amargo fel,
mas sabor de infância:
algodão-doce com maçã-do-amor.
O mundo era o mesmo, mas era outro.
A vida era nova e muito melhor.
Fiat lux e num piscar
a bruma se iluminou
porque em uma tarde de domingo,
na varanda do sétimo andar
no prédio cinza da praça central
com todo seu coração
ela acreditou.
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